Fonte: Jornal de Notícias
Data: 24-06-2009
Especialista diz que pelo menos dois milhões de crianças são vítimas deste tipo de violência na Europa.
O "bullying" é uma guerra silenciosa que atinge muitos lares portugueses e "arruína a vida" de cerca de 40 mil crianças, com elevados custos para o Estado, segundo o director de uma associação de pais cristãos holandesa.
A estudar este tipo de violência física ou psicológica desde 1994, Werner Katwijk, director da Ouders & Coo, afirmou no seminário " Bullying - Prevenção da violência na escola, no trabalho e na sociedade", promovido pela Fundação Pró Dignitate, que dois milhões de crianças são severamente vítimas deste fenómeno na Europa.
Katwijk citou um estudo realizado em 2000 na Holanda com crianças que frequentavam a escola, segundo o qual, dos 2,4 milhões de crianças holandesas, 385 000 eram vítimas de bullying por outras crianças e entre elas 75 000 foram de tal forma vítimas de violência física e psicológica que a vida escolar se tornou um inferno.
Segundo o responsável, estas crianças que foram vítimas graves deste tipo de violência e que tiveram de repetir um ano na escola representaram um custo médio para o Estado de nove mil euros.
Por outro lado, acrescentou, uma criança vítima de bullying irá enfrentar muitos problemas durante a vida: desde distúrbios na alimentação, desemprego, problemas de relações humanas, o medo de terem os seus próprios filhos e um elevado risco de suicídio como resultados destes traumas.
"Os efeitos de bullying são graves e causam falta de auto estima. As pessoas sentem-se insignificantes e sem valor", comentou.
Mas este fenómeno não atinge só crianças, há também muitas vítimas no local de trabalho.
Um estudo holandês revelou que cerca de 300 mil trabalhadores eram vítimas deste fenómeno no local de trabalho, o que representa um custo anual de cerca de 12 milhões de euros naquele país.
Segundo Katwijk, o custo médio de um trabalhador vítima de bullying é de 50 mil euros.
"Se compararmos a Holanda com Portugal e se partirmos do princípio de que a média do trabalhador português é semelhante ao holandês os resultados serão parecidos", sustentou.
Presente no seminário, o psicólogo criminal Carlos Poiares afirmou que há uma "ligação muito grande entre a violência em casa e a violência na escola".
"Quando o marido bate na mulher está, pelo menos, a agredir psicologicamente os filhos", sublinhou o psicólogo, acrescentando que muitas vezes a criança reproduz a violência a que assiste, porque percebe que "quem é violento é quem manda em casa".
Para Carlos Poiares, o combate à violência passa pela família, rua, médico e escola e pela prevenção, que é fundamental.
"Nós não temos maus pais, maus professores e maus alunos. O que temos são maus cidadãos", afirmou, considerando que há um défice em Portugal na "formação para a cidadania".
O psicólogo criticou ainda a violência mediatizada nas televisões, nomeadamente nos desenhos animados.
"A violência é a segunda fonte de rendimento, a seguir ao futebol, para quem a mediatiza", frisou.
Esta opinião foi partilhada pela presidente da Fundação Pro Dignitate, Maria de Jesus Barroso, afirmando que a comunicação social tem uma grande responsabilidade social e pode inverter esta situação.
"A sociedade está muito embebida de violência e temos de obrigação de fazer um esforço no sentido de a diminuir ou eliminá-la", afirmou Maria Barroso à agência Lusa, à margem do encontro.
A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, salientou, por seu turno, o papel das escolas, que devem de "um modo formal e informal combater a segregação e exclusão social" e aprofundar as ligações com a comunidade.
Para Idália Moniz, a forma de combater este fenómeno passa também por um trabalho de capacitação não só dos técnicos, como dos interventores a nível educativo e pedagógico.
Fonte: Jornal de Notícias
Data: 24-06-2009
Bullying: Violência para quê?
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O grupo de trabalho da Comissão de Protecção de Jovens e Crianças de Tavira, Prevenir para não intervir, convida-o/a a participar no 3.º Ciclo temático Aqui há conversa… dedicado ao tema do Bullying: “Violência para quê?” a realizar no próximo dia 7 de Maio de 2008, pelas 17h, no auditório da Escola D. Manuel I e que contará com a presença da Psicóloga Paula Caleça.
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»» aceda aqui ao cartaz de divulgação
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Data: dia 07 de Maio de 2008
Horário: 17horas
Local: Escola D. Manuel I
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O bullying são actos premeditados e repetidos de violência, praticados normalmente entre pares.
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Este tipo de atitudes acontecem frequentemente nas escolas mas, na maior parte das vezes, são ignoradas e admitidas como normais.
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Com a implementação das novas tecnologias, este fenómeno descobriu uma nova faceta: o cyberbullying, um tipo de violência “sem rosto”, como classifica a psicóloga clínica Ana Filipa Silva, durante uma palestra sobre o tema, em Tavira.
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Ana Filipa Silva explica ao Observatório do Algarve que a violência com recurso às novas tecnologias, principalmente a Internet, está a crescer e pode afectar significativamente a vida das pessoas, principalmente jovens e adolescentes que, em alguns casos, se refugiam no mundo virtual para combater a solidão da vida real.
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O facto de o acto de violência, que pode ser praticado através de deturpação de imagens, vídeos, sons, etc., ser visto por milhares de pessoas em todo o mundo e de não ser possível, na maioria das vezes, identificar o agressor “tem uma gravidade enorme”.
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O papel dos pais é fundamental
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“Os pais têm um papel extremamente importante em termos de medidas preventivas. Essencialmente, não podem desresponsabilizar-se do seu papel enquanto pais”, defende a psicóloga que aconselha a um acompanhamento atento por parte dos progenitores/educadores no que respeita aos amigos virtuais e reais, actividades e preocupações dos filhos.
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“Muitas vezes o que acontece é que a criança acaba por se sentir demasiado só e vai encontrar os tais ‘amigos’ na Internet, que vão ganhando a sua confiança e, de alguma maneira, vão utilizar essa confiança para mais tarde intimidar, para violar, para uma série de outras situações”, alerta.
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Medo de denunciar e um passo em frente para o suicídio
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O medo de denunciar o agressor é o mais comum, ou por recear represálias por parte da família ou por acreditar que o agressor também vai fazer mal aos entes queridos. A vítima opta, na maioria das vezes por sofrer em silêncio.
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O agudizar da violência tem as suas consequências: mau estar físico, mau estar psicológico e uma série de outros problemas associados.
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No limite este tipo de situações pode levar ao suicídio. Segundo Ana Filipa Silva “segundo estudos, considera-se que 30 por cento dos suicídios cometidos por jovens, têm a ver com fenómenos de violência escolar.
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Reconhecer uma vítima de bullying
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Existem sinais de alerta que podem ajudar a identificar quando uma criança ou adolescente está a ser vítima de violência, todavia “é importante não generalizar”, sublinha Daniela Machado, psicóloga clínica.
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A criança mostrar-se assustada em ir ou regressar da escola, não ter vontade de ir para a escola, começar a apresentar um fraco rendimento escolar, isolar-se, gaguejar, surgir regularmente com livros e roupas destruídas, deixar de comer, chorar com facilidade, mostrar angustia, tornar-se agressiva, o dinheiro/ economias “desaparecerem” e ter medo de contar o que se está a passar são alguns dos sinais a ter em conta.
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Fenómeno é transversal
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Qualquer um pode ser vítima de bullying. A faixa etária, o grau de ensino e o estrato social não são factores determinantes: há vítimas e agressores de todos os géneros e feitios.
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Segundo Ana Filipa Silva e Daniela Machado os agressores, por norma, são crianças que não recebem muita atenção por parte dos pais e, muitas vezes, são eles próprios vítimas de agressão.
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Quanto às vítimas, há uma tendência para encarar o fenómeno como uma coisa normal existindo casos em que “os pais culpabilizam o agressor, mas também pode haver pais que culpabilizam o próprio filho”, explica Daniela.
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Estas psicólogas defendem um acompanhamento firme por parte dos pais em relação aos filhos, sem nunca descurarem as questões de afecto. É importante que conheçam os próprios filhos e que façam parte da vida deles. No que respeita aos adolescentes, há que fomentar o diálogo para compreendê-los.
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“Regras firmes, amor de qualidade”, concluem as psicólogas como a formula para um crescimento saudável sem vítimas e agressores.
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As psicólogas falaram com o Observatório do Algarve à margem da acção de sensibilização sobre bullying – “Violência e agressividade em contexto escolar”, no espaço Crescendum, em Tavira.
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ciclo de cinema de saúde mental
Nacionais
Instituto da Segurança Social I.P.
Locais
Banco de Voluntariado de Tavira
CAFAP - Associação Uma Porta Amiga